Perca o medo de fazer fotografia de rua
Você tem todo o direito de estar nos espaços públicos e usufruir deles. Tem o direito de caminhar, sentar e conversar com outras pessoas. Se quiser, pode observar e ouvir o que está ocorrendo ao redor e se divertir com isso, sem se sentir culpada(o).
E, é claro! Também tem o direito de registrar os instantes que se desenrolam ao seu redor, com a sua câmera — seja ela dedicada ou a do celular.

Joel Meyerowitz tem um capítulo inteiro no seu livro, dedicado a ajudar as pessoas a perder o medo de fotografar na rua, no meio da multidão, qualquer que seja o lugar.
Em seu texto, Meyerowitz tenta desvendar e desmitificar o receio de fotografar em público, mostrando que não há nada de ilegal e que as chances de ser constrangido ou constrangida são mínimas. E, mesmo nestes casos, é possível evitar confrontos com um pouco de jogo de cintura e simpatia.
Meu sentimento sobre as ruas e a fotografia é de que as ruas são nossas. Uma vez no espaço público, tudo é jogo limpo […] A rua é o caos. Se você está confortável no caos, você irá encontrar seu caminho”
Joel Meyerowitz, “How I Make Photographs“, 2019
Leve em conta que Meyerowitz, quando fala da legalidade e da ética, é sob o ponto de vista de um norte-americano, que já fotografou em várias partes do mundo (Itália, França, Inglaterra etc)
A legislação brasileira é muito próxima da dos EUA, neste ponto e, portanto, o que ele fala vale para a gente também.
Na Europa, a maioria dos países também garante a liberdade de fotografar nas ruas, mas pode haver algumas restrições a mais.
O medo do confronto
Para muitos, isso faz parte da “adrenalina” de percorrer as ruas da cidade.
O que posso dizer sobre a realidade deste medo, é que os confrontos são muito raros e dificilmente acontecem.
Se você está sendo honesto com as pessoas e agindo de boa-fé, com certeza irá passar uma sensação de confiança. Não há por que alguém implicar com você.
Sorria e mostre bom humor enquanto estiver na rua e ninguém irá corresponder com negatividade. Quando isso não estiver sendo possível, se afaste — vá para outro local ou encerre o dia e volte pra casa.
Eu procuro ser rápido e não dar muito tempo para reação. Três segundos depois que a pessoa ouviu o clique, eu costumo já estar a um bom par de metros de distância.
Isso por que sou um cara magro, alto e parecido com um “bicho galho”. É muito difícil me disfarçar na rua. Portanto, o mais comum, é ser notado com a câmera e as pessoas posarem para a foto — que é tudo o que não quero.
Meyerowitz relatou que, quando usava uma câmera 8×10 (de formato grande), ele “passou a ser o alvo” e as pessoas vinham até ele para fazer as fotos.
Embora algumas raras pessoas já tenham demonstrado algum desconforto com a minha presença, nunca aconteceu de alguém brigar comigo.
Sendo assim, se você tem vontade de sair de casa para fazer fotografia de rua, perca o medo e vá.

Referências
How I Make Photographs, de Joel Meyerowitz (edição em inglês).