O fotógrafo Joel Meyerowitz, decidiu que 2020 seria um período de autorreflexão. Já no primeiro dia do ano, ele iniciou uma série de autorretratos, como meio de descoberta pessoal.
Aliado a este objetivo, ele pretendia também se desafiar a aprender uma nova forma de expressão, pela fotografia — mais ou menos como havia feito, na década de 70, em relação à fotografia colorida e à de grande formato.
Ao ser forçado, como todos nós, a lidar com a pandemia global, ele optou pela busca do autoconhecimento — sem deixar de buscar a conexão com outras pessoas, entre as quais, aspirantes a fotógrafas(os).
Nascido no Bronx, condado de Nova Iorque, vive atualmente entre a Itália e Londres, com sua esposa Maggie.
Aos 84 anos de idade (2022), Meyerowitz é conhecido também por compartilhar, de boa vontade, seu conhecimento, inclusive nas redes sociais. Seu novo livro, Joel Meyerowtiz: How I Make Photographs (ainda sem edição em português), é uma prova dessa perspectiva generosa.
Um dos pioneiros das colorida, entre os mestres da fotografia de rua, Joel Meyerowitz ajudou a transformar atitudes em torno do meio na década de 1960 — época em que filmes coloridos eram considerados “coisa de amadores”.
Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, Meyerowitz já publicou dezenas de livros de fotos de sucesso e seu trabalho já foi exibido em mais de 350 exposições.
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Os temas de sua fotografia, variam entre as ruas de verão da cidade Nova Iorque a paisagens, dignas de sonhos, de cidades litorâneas.
O fotógrafo também tem trabalhos sobre naturezas-mortas, encenadas a partir de objetos encontrados em seu caminho.
Seu primeiro livro de fotos, Cape Light (1978), é considerado uma obra clássica da fotografia colorida e marca o início de uma longa exploração. “Há maneiras pelas quais a fotografia revela seu mistério, e passei a vida inteira tentando entender mais sobre isso”, reflete Meyerowitz.
Embora grande parte de seu trabalho se concentre na riqueza da vida cotidiana,em 2001 ele se lançou em um novo projeto, sendo o único fotógrafo a obter acesso irrestrito para documentar os restos do World Trade Center, após os ataques de 11 de setembro.
Enfrentando obstáculos de funcionários do governo, Meyerowitz sentia que seu dever como nova-iorquino era registrar esse momento da história.
Alguns dias após a tragédia, ele foi para a cena com sua câmera. Parado do lado de fora da fita de barreira de cena de crime, ele a ergueu para ver se havia alguma coisa que pudesse capturar, mas foi detido por uma policial.
Ela explicou que a área fora classificada como “cena de crime”, e ninguém poderia documentá-la. Meyerowitz não se intimidou, acreditando que tal momento histórico merecia, sim, ser registrado e seu arquivo disponibilizado ao público.
Meyerowitz tirou fotos do local todos os dias por nove meses e descreveu a experiência como uma das intensas da sua vida.
O fato culminou com o livro de fotos Aftermath: The World Trade Center Archive, de 2006. Um dos únicos arquivos fotográficos abrangentes do Ground Zero.
Agora, estamos diante de uma tragédia muito diferente, que elevou nossas incertezas em relação ao mundo. Pode ser difícil pensar no que está por vir, quando tantos aspectos de nossas vidas diárias estão mudando.
Meyerowitz, compartilhou uma mensagem promissora para aqueles que procuram documentar nosso mundo em constante evolução:
“Você não precisa ser um artista, você pode ser qualquer pessoa com uma câmera e uma pergunta. Se há um impulso, um pensamento disperso que lhe venha à mente e desencadeia um instante de reflexão, siga-o”, explica entusiasmado. “Não tente intelectualizar e pensar, ‘Oh, eu deveria fazer isso, ou eu deveria fazer aquilo.’ Faça o que lhe vem à cabeça, como se fosse uma fragrância.”
Referências
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