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As vantagens do FLAC sobre o MP3

Neste post, vou tentar mostrar alguns bons argumentos a favor do uso do formato digital de áudio FLAC, em substituição ao MP3.

Embora eu escreva sob a perspectiva de um cara que usa Linux, os conceitos abordados servem para qualquer plataforma, seja Android, Mac OS, UNIX, Windows etc.

Assim como a maioria das pessoas, acredito que você já ouviu falar do bom e velho formato MP3.

Ele tem pelo menos 2 características, que considero indesejadas:

  1. Não é um formato aberto e várias organizações reclamam patentes sobre ele.
  2. É um formato lossy, ou seja, que impõe perdas à qualidade do áudio.
flac logo
Logo do padrão flac.

Formatos lossy, para conseguir uma taxa de compressão que resulte em arquivos de tamanho significantemente reduzidos, precisam “jogar fora” parte das informações do sinal de áudio contido no arquivo original.

Inicialmente, a razão para isto era obter arquivos de música mínimos, que pudessem ser mais facilmente distribuídos ou guardados em mídias com pouco espaço.

Ter espaço para guardar uma discografia ou duas em arquivos digitais, era um problema nos anos 90.
Hoje, não é mais.

Em contraste, há outros formatos de áudio digital que seguem especificações de formatações lossless, que permitem compressão com ou sem perda do sinal original.

Música digital contida em CD ou Compact Disc é um exemplo de formato lossless — no caso dos CDs de áudio e não no dos CDs com arquivos MP3…

Só por curiosidade, vale mencionar que há 2 métodos importantes de codificação digital de música:

  • PCM ou Pulse Code Modulation — que é um método usado para representar digitalmente sinais analógicos sampleados. Este é padrão do áudio digital em computadores, Compact Discs, telefonia digital e outras aplicações digitais de áudio.
  • DSM ou Delta-Sigma Modulation é um método de codificação de sinais analógico para digital.

Até recentemente, a maior parte das músicas digitais tem sido codificada pelo método PCM.

Contudo a Sony e a Philips introduziram um padrão baseado no DSM, chamado DSD — e o implementaram no SACD (Super Audio Compact Disc), que não se tornou uma mídia popular.

As limitações dos anos 90 não existem mais

Quando o padrão foi lançado, em 1993, os arquivos MP3 eram armazenados pelos usuários em CDs de 650 MiB ou em discos rígidos, com capacidades médias em torno dos 500 MiB.

Quando um arquivo digital era distribuído ou compartilhado pela Internet, a conexão doméstica ocorria através de modems que alcançavam taxas de transferência de até 14.4 Kbps. Os modems de 56 Kbps só chegaram ao mercado no fim daquela década.

Hoje, não temos mais estas limitações para nos preocupar — nem em relação ao espaço de armazenamento, nem na velocidade de download.

Com uma boa conexão e uma boa quantidade de leechers, já é possível baixar uma extensa discografia, em formato FLAC, em menos de 1 hora, via torrent.

Faz cada vez menos sentido optar pelos formatos lossy, se você realmente se preocupa em ouvir um áudio de qualidade.
Ainda que os arquivos FLAC tenham tamanhos consideravelmente maiores, hoje você tem 100 vezes mais espaço em um cartão de memória ou em um pendrive do que era comum na década de 90 — se compararmos um CD (650 MiB) com as atuais mídias de 64 GiB.

As armadilhas das lojas de músicas online

É importante falar das restrições abusivas das lojas online de venda de arquivos digitais de músicas.

Vale a pena, quando for comprar, evitar formatos que incluam o DRM (Digital Rights Management ou gestão de direitos digitais).

Para a maioria das pessoas, o DRM é tido como sendo apenas um mecanismo de prevenção do uso não-autorizado da propriedade intelectual de alguém.

Na verdade, o DRM é usado para forçar os consumidores a usar determinados softwares ou plataformas de hardware, em prejuízo do seu direito de escolha.

Em outras palavras, suas músicas podem vir com restrições absurdas que te impeçam de ouvir arquivos legalmente adquiridos aonde você quiser (no carro, no outro smartphone etc.)

Além disto, o mecanismo acaba por representar uma ameaça muito séria à segurança do seu sistema.

Tanto na hora de comprar música online, quanto na hora de ripar CDs, LPs etc. é possível e (desejável) optar pelo formato lossless FLAC.

Entusiastas de música, comumente sequer consideram gastar dinheiro em lojas que não oferecem a opção lossless, ou seja, sem perda da qualidade original da gravação.

Quando oferecem, o meu formato favorito é o FLAC!

E a compatibilidade?

FLAC AUDIO RECEIVER

Os smartphones Android atuais reproduzem, com seus apps nativos, os formatos OGG e FLAC, sem problemas.

Além disto, podem transmitir seu áudio via Bluetooth ou NFC para outros aparelhos.

Já o iPhone, no app nativo, prefere usar o formato proprietário ALAC. Você pode baixar outros apps, na lojinha da Apple, contudo, que podem reproduzir seus arquivos no formato FLAC.

A resolução das músicas

Vamos falar um pouco sobre a resolução dos arquivos de áudio.
As músicas em um CD são apresentadas em uma sampling rate ou frequência de amostragem de 44.1 kHz e com uma extensão de palavra de 16 bits.

Teoricamente, isto significa que o som mais forte, gravado em um CD é 216 ou 65.536 vezes mais alto que o mais delicado.

Em consequência, você terá uma gravação que mostra toda esta extensão dinâmica e que lhe permite ouvir as partes mais tenras do áudio ao aumentar o volume no máximo. Claro que, neste caso, as partes mais altas do áudio poderão causar algum “estrago”.

Ouvidos humanos, em média, podem captar sons até as frequências de 20kHz. Algumas pessoas, conseguem ouvir até 22kHz, contudo.

O padrão do CD, de 44.1kHz, portanto é bem mais do que o suficiente para qualquer pessoa preocupada com a qualidade.
Ainda assim, alguns audiófilos preferem mais do que isto. Vamos entender seus motivos.

De acordo com Chris Hermansen, uma gravação com uma taxa de 96kHz e uma extensão de 24 bits provê muito mais espaço para caber uma variedade muito maior de sons, entre o mais alto e o mais baixo.

Um dos atrativos, possibilitados por esta taxa de amostragem é que os sons mais brandos passam a dispor de mais bits para serem representados, em uma gravação.

Usar taxas de frequência mais altas permite suavizar mais os filtros, que precisam ser aplicados ao sinal analógico, antes dele ser digitalizado.

Para finalizar, outra razão para adquirir arquivos de áudio em alta resolução é que, nestes casos, eles costumam ser tratados com mais carinho pelo pessoal responsável pela gravação, não têm ruídos acidentais e, para ouvidos mais exigentes, preservam a “vida” da música.

Pelos mesmos motivos, ao fazer downloads de seus torrents ou ao ripar suas mídias físicas, opte pelo formato FLAC e tente obter arquivos 24-bit com frequências de 88.2 ou 96Khz.


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Uma resposta para “As vantagens do FLAC sobre o MP3”.

  1. […] este formato é superior para edição em relação ao JPEG. Comparativamente, é como o formato de áudio FLAC em relação ao […]

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